.'. Kleber Cavalcante de Sousa: 2021

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Empreender e Inovar em uma Organização Pública Militar: Missão desafiadora e honrosa.

Comando do CBM/RN e Coordenadores do Curso


A palavra empreender em geral é associada a empresas, negócios e lucratividade. Falar em empreender no serviço público e na gestão pública, até bem pouco tempo, era um mito. Contudo essa missão tem sido desmitificada, por meio de iniciativas ousadas e planejadas, de modo a contribuir na transformação das organizações públicas em ambientes de maior produtividade e efetividade na realização de seus serviços e atividades.

Entretanto, ainda há resistências em promover uma cultura empreendedora nas organizações públicas, o que exige da gestão estratégica vontade de inovar, visão estratégia e poder para implementar essa cultura, de modo a transformar as organizações em ambientes transformadores e não em espaços burocráticos ou de mero atendimento de pessoas e despachos de processos. 

No entanto, observamos que há gestores com um perfil corajoso e de ousadia, que estão decididos a transformar a realidade das suas organizações e nesses casos, contribuem para que a Inovação aconteça e assim cria-se uma cultura empreendedora. Quando o corpo diretivo da organização trabalha em conjunto para torná-la melhor, mais eficiente e efetiva, certamente as demandas da sociedade serão atendidas com muita presteza, economia de recursos e garantindo mais satisfação, de modo a essa organização ser reconhecida como um modelo de gestão e geradora de impacto social.

Etimologicamente a palavra empreender significa "a capacidade de pensar e executar uma tarefa". Com o passar dos anos ela ganha outros significados, e atualmente compreende-se que empreender é: realizar, transformar, gerar impacto na vida das pessoas e organizações. É importante destacar, que nenhuma organização privada ou pública conseguirá ser empreendedora sem investir nas pessoas e nas melhorias dos processos, neste sentido, quero aqui registrar a coragem e a capacidade de realização do comando do corpo de bombeiros militar do Rio Grande do Norte, quando aceitou de forma bastante inovadora ser parceiro na implementação de um curso de extensão de 120h em Empreendedorismo e Inovação na Gestão Pública: CBM/RN, realizado em 2019, que capacitou mais de 20 oficiais gestores da organização e gerou 10 projetos inovadores a ser implementados na organização, e provavelmente, gerando soluções inovadoras, e talvez, a primeira GOVTECH militar do Brasil. 

É possível sim, inovar e empreender na administração pública, contudo exige coragem, planejamento, dedicação e vontade de transformar o nosso mundo para melhor. Qualidades essas identificadas naqueles que dirigem o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte, na atualidade.

Tenho orgulho de ter contribuído, na coordenação desse projeto, com o Professor Glaucio Brandão,  iniciativa inovadora e que em breve será continuada, com a segunda edição desse projeto, agora para capacitar e formar mais 30 oficiais militares do Estado do Rio Grande do Norte.

Parabéns ao Comando do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte e a todo o seu corpo de oficiais diretivos, e corpo de praças, por pertencer a essa organização centenária, que agora está transformando-se, em uma organização pública militar Inovadora e Empreendedora.


quarta-feira, 14 de abril de 2021

UMA UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA

Ao olhar para a história da humanidade observamos que o conhecimento científico sempre exerceu um papel fundamental para transformar o mundo em que vivemos. E nesse contexto, é preciso reconhecer que o surgimento e a expansão das universidades, polos de difusão do conhecimento, foi um fator determinante para que a humanidade conseguisse progredir e oferecer melhores condições de vida a uma considerável parte da sociedade global, em virtude de concentrar de forma espacial estudiosos, professores, pesquisadores e alunos.

Nos últimos 50 anos, as mudanças globais (tecnológicas, ambientais, econômicas e sociais) tem ocorrido em um ritmo alucinante e impactado a vida dos seres humanos em todo planeta. Organizações surgidas no período entre guerras e baseadas nos princípios da revolução industrial estão desaparecendo e gerando espaço para o surgimento de um novo modelo de organização baseada no conhecimento, na comunicação e nas tecnologias, com alto poder de atuação global e pequena dependência do ser humano. Observamos a máquina e a inteligência artificial ocupar o espaço humano e assim centenas de profissões desaparecerão e as pessoas que não se prepararem e desenvolverem novas competências perderão a sua utilidade técnica na sociedade.

As Universidades são centros de pesquisa e difusão do conhecimento, além de pesquisas, precisam contribuir na formação de pessoas mais qualificadas e capazes de enfrentar os desafios que se apresentam no mundo contemporâneo. Essas qualificações e competências vão além da formação técnica profissional, exigindo que seja oferecido oportunidades e condições das pessoas desenvolverem as competências sócio emocionais, denominadas softskils.

Neste sentido, considero essencial o incentivo as atividades no ambiente acadêmico que possibilitem o desenvolvimento de competências empreendedoras e que favoreça o surgimento de uma cultura empreendedora na Universidade, por meio de ensino e práticas de empreendedorismo. Essas atividades são fundamentais para aquelas Instituições de Ensino Superior - IES que desejam ser consideradas Universidades Empreendedoras. Outrossim, acredito que apoiar, articular e estimular a criação de empresas juniores nos cursos da IES têm um papel fundamental nesse processo de transformação da sociedade, pois possibilita aos alunos e professores vivenciarem a experiência prática do exercício profissional no mercado, de modo a conhecer as suas peculiaridades, testar seus conhecimentos técnicos, além de exigir o desenvolvimento de novas competências, relacionadas as atividades comerciais, de comunicação, de inovação e relacionamento pessoal e de atitudes e empreendedoras. Portanto, essas experiências empreendedoras contribuíram para complementar a formação dos futuros profissionais.

O historiador Yuval Noah Harari, em seus livros, assevera que milhões de pessoas em todo o mundo poderão perder suas capacidades laborativas, pois serão substituídos pelo trabalho das máquinas, em função do aumento da robotização e da inteligência artificial. Para sobreviver profissionalmente e continuar a ter uma vida de progresso será preciso que elas se reinventem e aprendam novas profissões, nas quais a máquina não possa os substituir.

Neste mesmo sentido, Alvin Toffler, pesquisador americano do século XX, ao falar sobre as tendências de cenários para o futuro, já previa que “o analfabeto do século XXI não será aquele que não conseguir ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

Apesar de a construção de um ecossistema empreendedor envolver vários fatores, entendo que o maior investimento no qual uma IES precisa realizar para tornar-se uma UNIVERSIDADE EMPREENDEDORA deve ser no desenvolvimento de competências empreendedoras em sua comunidade acadêmica e assim construir uma cultura empreendedora, comprometida em transformar a vida da sociedade ao seu redor, por meio de pesquisas aplicadas e pela formação holística de seus discentes, de modo a torná-los jovens empreendedores e senhores do seu destino.


BIBLIOGRAFIA

BURKE, Peter. A social history of knowledge from the Encyclopédie to Wikipedia. Cambridge: Polity Press. 2012. [Edição brasileira: Uma história social do conhecimento, II. Rio de Janeiro: Zahar. 2012.]

HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. Editora Companhia das Letras, 2018.

HECKMAN, James J.; KAUTZ, Tim. Hard evidence on soft skills. Labour economics, v. 19, n. 4, p. 451-464, 2012.

ROBLES, Marcel M. Executive perceptions of the top 10 soft skills needed in today’s workplace. Business communication quarterly, v. 75, n. 4, p. 453-465, 2012.

SOUSA. Kleber Cavalcante de. Liderança Empreendedora: um novo líder para um novo mundo. Natal: AMRA, 2017.

TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.